O Fruto

Em uma rodinha com a família muitos assuntos podem surgir. Mas ultimamente (provavelmente devido aos muitos dias de vida), só se tem falado sobre médicos, remédios e hospitais. A principal crítica do final de semana foi a falta de atenção dos médicos. Hoje, sem mesmo examinar o paciente, o médico o encaminha para fazer um milhão de exames, ou acaba errando no diagnóstico. O meu próprio pai foi diagnosticado por um médico que não o 'apalpou o suficiente na região do joelho' (nas palavras dele), e tomou o remédio errado por dois a três dias. É certo que os médicos deveriam nos dar um pouco mais de atenção, mas e nós, pacientes? Sabemos nos explicar, expor nossos problemas e dores?
Regina Spektor diz, em uma música: 'Se você nunca disser o seu nome em voz alta, eles nunca te chamarão por ele'. Quantas vezes nós dizemos em voz alta o que realmente sentimos, pensamos, queremos dizer? De tanto nos preocuparmos com o diagnóstico que queremos receber, acabamos falando aquilo que convém, e tomando o remédio errado por um longo tempo.
Eu tenho consciência de que é bem mais difícil dizer 'não gosto que fale isso, não gosto que faça aquilo, é assim que eu sou', do que dizer 'doutor, é uma dor latejante e não constante'. Mas não é impossível, nada é impossível.
Se sincero, dizer a verdade, ou até mesmo ser um tanto rude, pode fazer bem de vez em quando. Ultimamente tenho ouvido inúmeras pessoas falarem sobre abrir seu coração, rasgar a alma, gritar pro mundo todo ouvir. E não acho que as pessoas me digam nada por engano ou por acaso. Eu realmente acredito que precisava ouvir tudo isso. E ainda bem que elas tiveram coragem suficiente de me dizer o quanto é bom ser ouvido!
Então, daqui pra frente, mais coragem pra falar, pra sentir, pra orar, pra se dedicar, pra mostrar os seus interesses. Não importa o que aconteça, não importa os julgamentos, não importa os amigos que vá perder. Sempre tem alguém um tanto maior do que você pra te ajudar a falar a verdade, a cumprir e fazer tudo o que é verdadeiro.
"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:32).

Doutor,
Eu vim até aqui porque sei que você pode me curar. Eu sei que vou ter que fazer muitos exames, o que pode ser trabalhoso e cansativo. Mas também sei que vai valer a pena.
Na realidade, nem imagino qual possa ser a minha doença. Então vim até aqui, pro senhor me diagnosticar.
Tenho sentido coisas bem estranhas ultimamente. Não é uma dor constante, mas latejante. Quando vem, não me deixa prestar atenção em mais nada. Nessas horas, penso nos melhores remédios que o senhor já me deu, e tomo todos eles novamente. Mas sei que ainda falta algum, porque a dor volta de vez em quando.
Pra ficar completamente curada, queria um remédio que fosse bem docinho, daqueles com gosto de chiclé que eu tomava quando criança. Mas não sou mais criança, então aceito até o remédio amargo, desde que a cura venha com ele. Estou disposta a qualquer coisa mesmo, doutor!
Me desculpe por ter me esquecido de tomar alguns dos remédios que o senhor me prescreveu da última vez que vim aqui. Sei que preciso tomar mais cuidado, prestar mais atenção. Mas estou disposta a fazer isso.
Doutor, obrigada por me ouvir. É difícil aceitar o diagnóstico que vier, e me sujeitar a remédios amargos. Mas eu confio no senhor, e sei que vai dar certo.
 

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